sexta-feira, maio 08, 2015

O NOVO RECIFE




Quando eu voltar à Recife

A passeio,  certamente

Já não estarão lá

Aquele braço de rio

O pedaço do mar

Ou até mesmo o velho sobrado

Onde morou  alguém que nos lembrava a memória da cidade

 

Não teremos referências

Acometidos seremos pelo esquecimento provocado

Agressivamente imposto a crianças, jovens e idosos

Esses últimos, talvez, sofrerão menos

Pois piedosamente a vida apagará as suas lembranças

E, aparentemente, nada lhes terá sido usurpado

 

Nomes ilustres sitiarão o novo Recife

Moura Dubeux

Queiroz Galvão

E de nobre figurão que por livre e espontânea bondade

Doou para as últimas eleições uma bagatela

Em benefício da sua idealizada cidade

 

A Recife será outra, alheia, estranha

Onde muitos livros de fotografias antigas serão vendidos

  

Cidade futurista

De habitantes desabitados

Para modernas construções

Com empresariais e shoppings em profusão

Todos edificados para os cidadãos assaltados

Que os larápios julgam sedentos de consumo

 

Dirão as más bocas que o Recife velho foi cidade

De gente fissurada em movimentos, atos, resistências

Lugar onde só a rebeldia aplacou tamanha agressão

E as ruas dos principais leiloeiros foram ocupadas

Por milhares de subversivos

Só que nenhum deles saiu na televisão.


 

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