terça-feira, maio 05, 2015

AO POETA GREVISTA

* AUGUSTO DE CAMPOS





O Amor-amigo em silêncio me fala

Do seu segredo do momento

Desse medo do trabalho árduo

De seu  infindável sofrimento

 

Fala-me o seu silêncio mais

Da constante luta fracassada

Dos poetas mal pagos derrotados

Pelos artifícios sujos, midiáticos

 

Pede greve, o poeta, machucado

Grita ele em seu silêncio:

“Emudeçam a poesia a esse tempo!”

Mas meu amado, amigo, poeta

Como desprezar o inabalável

Diante do real acontecimento?

 

Isso que nos  arrebatará  e atravessará a vida

A falar do que em nós muito emaranhados

Além de nós, diz de todo esse mal

Não podemos calar, mas recrudescer!

 

Poetas em greve, só na rebeldia

Tomando as cidades com poesia

Arrastando o povo com a palavra-isca

Com a melodia das canções

E entendendo o misterioso poder da criação

Tocando ao tempo de cada um seus corações.
 
 
 
* GREVE, Augusto de Campos(1962)


 

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