quinta-feira, fevereiro 06, 2014

EU CRÔNICA

 
 
No fim do dia, com esforço preparo-me para chorar, pois o choro é bálsamo nas horas da dor insuportável, do vazio, da inexistência de respostas, mas o choro raramente acontece e quando vem é em conta-gotas, uma prece que se faz presente, até mesmo as lágrimas em tempo inoportuno chegam para que eu ceda-lhes passagem, assim consinto não me conter.
Recuso-me não sentir esta dor. Sou a ela toda entregue para que dela me esvazie.  E busco em mim as tantas vezes que te amei e amando-te me preparei para o que não poderia existir...
Agora, eu doída, nego-me a escrever-te  imensas cartas, dedicar-te meus poemas. Sofro toda a não-doação do amor que morre farto de alimento, de meu seio jorrando o leite que não posso nutrir à exaustão o filho, o pai... 
O fastio, a afasia, o tédio, as ausências de prazeres me sustentam... Entrego-me também a isso de não-ser-sendo. De não-sentir-sentindo. Mergulho em mim nessa suspensão de me ater nesse perder os sentidos sem intenção de encontrá-los. Não tateio os meus vícios.  Peço apenas ao seu bom Deus, assim sofrida, que Ele liberte o meu coração e rogo que não sonhe contigo nas noites em que o descanso deve reparar-me.
 


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