No fim do dia, com esforço preparo-me
para chorar, pois o choro é bálsamo nas horas da dor insuportável, do vazio, da
inexistência de respostas, mas o choro raramente acontece e quando vem é em
conta-gotas, uma prece que se faz presente, até mesmo as lágrimas em tempo
inoportuno chegam para que eu ceda-lhes passagem, assim consinto não me conter.
Recuso-me não sentir esta dor.
Sou a ela toda entregue para que dela me esvazie. E busco em mim as tantas vezes que te amei e
amando-te me preparei para o que não poderia existir...
Agora, eu doída, nego-me a
escrever-te imensas cartas, dedicar-te
meus poemas. Sofro toda a não-doação do amor que morre farto de alimento, de meu
seio jorrando o leite que não posso nutrir à exaustão o filho, o pai...
O fastio, a afasia, o tédio, as
ausências de prazeres me sustentam... Entrego-me também a isso de
não-ser-sendo. De não-sentir-sentindo. Mergulho em mim nessa suspensão de me
ater nesse perder os sentidos sem intenção de encontrá-los. Não tateio os meus
vícios. Peço apenas ao seu bom Deus, assim
sofrida, que Ele liberte o meu coração e rogo que não sonhe contigo nas noites
em que o descanso deve reparar-me.
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