quinta-feira, abril 16, 2015

EM SUA COMPANHIA



Primeiras horas da madrugada. Você me chama baixinho. Pergunta se estou acordada. Lá pelas três e tantas da manhã, sonolenta, troco umas poucas palavras. Estamos conectados em nossas angústias. Volto a dormir. Ouço você, mas estou cansada para responder.

O dia amanhece solar. Desperto. Você dorme pesado. Vou cuidar do quintal. Pés no chão, mãos na terra, sentidos voltados para o sagrado. Gero. Todos os sons, cores, sensações voltam-se para esse momento. Músicas me habitam.Ma
nifestações. Resistências comuns me abandonam e as que há muito me residiam transformam-se em tesouros.

Sou pássaros. Borboletas. Folhas secas. Terreiro varrido pelo vento. O ritual é finalizado. Nos ouvimos atentamente. O feijão é rapidamente preparado por suas mãos. No entanto, já estou alimentada. Beijos e cheiros nos damos. E esperamos mais alguma pequena novidade para trocarmos durante o dia.
 
Lá fora o mundo vive uma pequena revolução. E eu, aqui, sinto-me à vontade para viver assim em sua companhia.


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