Casa em estrada de barro. Num
pequeno arraial. Vilarejo localizado em uma única rua. Com calçada alta que dava
vista para a igreja e o farol de Nazaré. Porta de duas folhas. Fundo para
a mata. Na continuidade da rua, lá adiante o mar. Uma das mais lindas paisagens
locais.
Sentimentos ambientavam-se
habitando a casa. Avistei comida no fogão. Fumaça saindo da panela. Varal com
fraldas dependuradas. Árvores frutíferas compunham o fundo da pintura. De quando
em vez, exóticas aves adentrariam a casa e beliscariam os farelos de pão ali
deixados, propositalmente, no chão da cozinha.
O terreiro do lado de fora com
porta para a cozinha convidava amigos e parentes a confraternizar debaixo de
mangueiras e pés de jaca. Também a passagem era um chamamento para trilhas nas
manhãs e tardes de temperatura amena. Caminhadas vagarosas e contemplativas me arrastariam
nos mais de 20 quilos conquistados durante a gravidez.
Esse seria o ambiente escolhido
para o lar que desenhei na pintura em tela, traduzindo sentimentos com
perfeição. Quadro guardado no porão de minha memória. Uma obra de arte de
acervo caro entre outros raros projetos de vida que tomaram forma apenas no
ideal, imaginário do que poderia ter sido bom.
A Casa de Nazaré, com quintal
para a mata, caminho para o mar, vista para a igreja e para o farol foi a
morada que por alguns instantes habitei. Nela fui feliz e prosperei com a
família na qual acreditei e que com amor, zelo, corpo, alma, suor e sangue construí.
A Casa de Márcia, Nazaré, Maria. Lugar
para recordar. Uma das inúmeras heranças que deixarei para Júlia, minha filha.
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