quinta-feira, abril 23, 2015

A CASA DE NAZARÉ




Casa em estrada de barro. Num pequeno arraial. Vilarejo localizado em uma única rua. Com calçada alta que dava vista para a igreja e o farol de Nazaré. Porta de duas folhas. Fundo para a mata. Na continuidade da rua, lá adiante o mar. Uma das mais lindas paisagens locais.

Sentimentos ambientavam-se habitando a casa. Avistei comida no fogão. Fumaça saindo da panela. Varal com fraldas dependuradas. Árvores frutíferas compunham o fundo da pintura. De quando em vez, exóticas aves adentrariam a casa e beliscariam os farelos de pão ali deixados, propositalmente, no chão da cozinha.

O terreiro do lado de fora com porta para a cozinha convidava amigos e parentes a confraternizar debaixo de mangueiras e pés de jaca. Também a passagem era um chamamento para trilhas nas manhãs e tardes de temperatura amena. Caminhadas vagarosas e contemplativas me arrastariam nos mais de 20 quilos conquistados durante a gravidez.

Esse seria o ambiente escolhido para o lar que desenhei na pintura em tela, traduzindo sentimentos com perfeição. Quadro guardado no porão de minha memória. Uma obra de arte de acervo caro entre outros raros projetos de vida que tomaram forma apenas no ideal, imaginário do que poderia ter sido bom.  

A Casa de Nazaré, com quintal para a mata, caminho para o mar, vista para a igreja e para o farol foi a morada que por alguns instantes habitei. Nela fui feliz e prosperei com a família na qual acreditei e que com amor, zelo, corpo, alma, suor e sangue construí.  A Casa de Márcia, Nazaré, Maria. Lugar para recordar. Uma das inúmeras heranças que deixarei para Júlia, minha filha. 

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