sábado, dezembro 14, 2013

INQUIETUDE

 
 
E pergunto-me:
“O que fazer sobre isso?”
O ar retido
O tempo suspenso
O olhar cativado
A afazia
O pensamento acelerado
A espera de não-sei-o-quê
 
Ignota sou
 
Desconheço a tua música
Mas contemplo o que há de belo em ti
  
O silêncio não cala minhas mãos
Que se mexem e se escondem
E denunciam o desconcerto
 
Inútil é resistir à agitação
Do galopar pulsante no peito
Luta vã quando se foi flechada
Atingida
Seduzida
Por uma linguagem hierarquicamente superior
A toda e qualquer ordem mortal
 
À espera de um tempo intemporal
Encontros furtivos em espaço eternizado...
Não sabendo o que fazer, leio-te
Pesco tua palavra-isca, palavra-teia, palavra-chave
Liberto-me do aqui-agora e mergulho em transe
 
Resgato-me no instante em que me prendes
Com tudo o que tens a dizer – e que ainda o fará e não ouvi
Permaneço à espreita por saber de ti.
 
 
 
 
Ao som de Miragem do Porto, Lenine & Marcos Suzano.
 


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