E
pergunto-me:
“O que fazer sobre isso?”
O ar retido
O tempo
suspenso
O olhar
cativado
A afazia
O pensamento
acelerado
A espera de
não-sei-o-quê
Ignota sou
Desconheço a
tua música
Mas
contemplo o que há de belo em ti
O silêncio
não cala minhas mãos
Que se mexem
e se escondem
E denunciam
o desconcerto
Inútil é
resistir à agitação
Do galopar pulsante
no peito
Luta vã
quando se foi flechada
Atingida
Seduzida
Por uma
linguagem hierarquicamente superior
A toda e
qualquer ordem mortal
À espera de
um tempo intemporal
Encontros
furtivos em espaço eternizado...
Não sabendo
o que fazer, leio-te
Pesco tua
palavra-isca, palavra-teia, palavra-chave
Liberto-me
do aqui-agora e mergulho em transe
Resgato-me
no instante em que me prendes
Com tudo o
que tens a dizer – e que ainda o fará e não ouvi
Permaneço
à espreita
por saber de ti.
Ao som de Miragem do Porto, Lenine & Marcos Suzano.
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