Imagem: Carol Cordeiro
Luz,
água, ruas asfaltadas
diz
o anúncio na estrada
trago
o mar de novo nos pés
e meus olhos avançam
muito
além da sujeição
uma voz me diz num só golpe:
mais
uma vez
Cuidado
com a Literatura
que
não está nos livros
com
os artistas que não vão
para
a televisão
e
que não servem a um patrão
Cuidado
com os poetas loucos
Cuidado
com os gritos!
Com
os famintos e os inquietos!
Com
as degradadas
As
PUTAS
As
libertadas
E os
amores invisibilizados
Cuidado,
vocês,
que
ainda não acordaram
para
o sonho da insensatez
para
a combustão do pensamento
Acelerado
Inquieto
Utópico
Manifesto
Marginal
Plural
Anárquico ?!
Revolucionário ?!
Avesso
deste mundo paralelo
Em
que os cegos se refestelam
Em meio a esta ilusão!!!
ONDE
ÁRVORES SAGRADAS SÃO ARRANCADAS !!!
ONDE
MONSTROS DE CONCRETO SÃO REVERÊNCIAS !!!
ONDE
OS RIOS SÃO ATERRADOS
E A
TERRA É LAVADA EM SANGUE
NEGRO !
BRANCO !
ÍNDIO !
Banhada
em indecências
Onde
os suicídios prosperam !
Onde
o povo é apagado !
Onde
a história é silenciada !
Onde
a beleza existe pra turista ver...
VER
O QUÊ?!
EU
TE DIGO!
EU
TE GRITO !!!
Ver
o sinal da cruz
E
ouvir a oração
A um
Deus que nada pode fazer
Da
ganância e egoísmo desses homens
Dessas
mulheres
Que
fecham os olhos antes mesmo de morrer!
Mortos-vivos!!!
E o
zumbi herói, dele o que se há de fazer?!
A
resistência de seu povo se perde
No
cinturão da pobreza que engrossa
Na
canção e embalo de sua glória que não se dança
Que
não se sabe
Que
não se lembra
Louvamos
a quem?!
Se à
natureza não devotamos amparo
Se
não clamamos todo o nosso legado?
Eu
sou as árvores assassinadas !
Eu
sou as putas apagadas !
Eu sou as meninas
estupradas !
Sou sangue negro, branco, índio!
Eu sou Robert Kemper !
Eu sou Enilda
Cordeiro !
Eu sou Antônio
Petrônio !
Eu sou Felipe
Puxirum
Eu sou Mac Washi
Eu sou Sandoval
Ferreira
Eu sou Maciel Viana
Eu sou Cesar Monteiro
Eu sou Marcos Saraiva
***
SOU
A TERRA ONDE PISAM OS MEUS PÉS
O
HORIZONTE ONDE MEUS OLHOS PODEM ALCANÇAR
EU SOU A
VOZ QUE ME GRITA OUTROS GRITOS
E
SOU TODO ESTE BRADO SILVÍCOLA !!!
Parte do texto acima foi performatizado na 3ª Mostra PE da Produtora Nós Pós, entrando na Chegança Poética do Literânima, compondo a programação da Praça da Palavra no FIG 2014.
O texto de cunho político-social fala de uma resistência que o nosso planeta tem vivenciado, e a terra pulsante num chamamento sagrado convoca seus filhos para reinvindicar seus direitos.
Performatizar esse poema foi uma experiência indescritível, que só quem esteve lá pode ter dimensão. Por isso, mais uma vez, agradeço a todos os presentes pela energia doada ali, para sentir a poesia e todo o seu poder.
Para mais detalhes desse momento, com um outro olhar, acesse a página Portal da Cultura (aqui), da Fundarpe, e leia o texto de Julya Vasconcelos. Visite também a página da Nós Pós Mostra PE(aqui) no facebook.
Grata ao Literânima, na pessoa de Marcia Felix e de todos que dele fazem parte, pelo convite para a Chegança Poética, onde estive junto aos meus irmãos Puxirum, Washi, Sandoval Ferreira, Maciel Viana, Cesar Monteiro e Marcos Saraiva em poesia.
E à produtora Nós Pós, minha crença no trabalho lindo que realizam cada vez mais fortalecida. Meu muito obrigada. Parte de minha alma segue com vocês sempre onde estiverem.
E, por fim, um agradecimento especial a Myrna Maracajá, que trabalhou na arte do figurino. Foram mais de 7h ininterruptas pintando a pele que me cobria. Myrna, você sabe o quanto sua arte fez diferença nessa performance. Tinha de ser você a traçar os grafismos em mim inscritos... Muito obrigada, minha irmã.
Grata ao Literânima, na pessoa de Marcia Felix e de todos que dele fazem parte, pelo convite para a Chegança Poética, onde estive junto aos meus irmãos Puxirum, Washi, Sandoval Ferreira, Maciel Viana, Cesar Monteiro e Marcos Saraiva em poesia.
E à produtora Nós Pós, minha crença no trabalho lindo que realizam cada vez mais fortalecida. Meu muito obrigada. Parte de minha alma segue com vocês sempre onde estiverem.
E, por fim, um agradecimento especial a Myrna Maracajá, que trabalhou na arte do figurino. Foram mais de 7h ininterruptas pintando a pele que me cobria. Myrna, você sabe o quanto sua arte fez diferença nessa performance. Tinha de ser você a traçar os grafismos em mim inscritos... Muito obrigada, minha irmã.
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