segunda-feira, maio 17, 2010

CRIAS

Por hoje é só papear

Dia desses resolvi, depois da voz insistente me repetir “vai publicar um livro”. E me danei a escrever. Parece que já estavam todos prontos a se atirar do precipício se eu não lhes desse vida. Pronto! Dei!
Agora fico namorando os textos. Abro a página intocável, branca, luminosa, sem cheiro, uma tentação para ser mexida. Mas eu não ouso, não me atrevo a mudar a cara do que já tem expressão. Estão lá, latentes, agora doidos pra se mostrar, pra mexerem com a imaginação, ferver os nervos, o sangue, o corpo.
Eita, é como mar em ressaca, rebentação, derrubando tudo o que vê pela frente, assim é esse regalo que o universo me deu, e que eu comprometi-me a entregar.
Os textos, todos nomeados, paridos quase a mesma hora, de nada têm de gêmeos, mas são irmãos. E eu, tendo sido canal para a parição, putz! Imaginem, tô toda arreganhada pra eles, boba, loba, lambendo as crias, emprestadas, e cuidando, pra daqui a pouco soltar no mundo.

Deixa eu me desmamar deles primeiro...

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