VOU CONTAR UMA HISTORINHA PRA VOCÊS...
Desde criança tenho uma sutil afinidade com pássaros. Os
passarinhos conversam comigo, e nossa conversa muito particular me dá conta de
um tanto de coisas que passam batidas e que eles vêm me lembrar.
Os passarinhos "invadem" minhas salas de
aula, criam ninhos, estabelecem contato com os alunos, a gente cuida, respeita
e admira de longe porque passarinho é bicho alado que não podemos aprisionar,
praticando desse modo enorme pecado.
Passarinhos me acordam, bicam minhas janelas,
insistem em chamar minha atenção, às vezes dançam e fazem lindos espetáculos
com as acrobacias que realizam de galho em galho ou no ar.
E eles me curam e me protegem...
Anteontem, um dia atípico de férias e de trabalho,
um colibri pousou na proteção de tela de minha janela, num apartamento de um
edifício alto onde eu não acreditava ali pousar um beija-flor, uma ave tão
pequena e delicada.
Parado, olhou pra mim, me perguntou " E então,
menina?" E eu, agitada entre o telefone e o computador, tomando decisões,
planejando os próximos dias,quiçá os meses do ano, o vi, mas não pude conversar. Assim, de
repente, percebi que eles voltaram a se presentificar para mim.
Todos os dias agora fazem uma algazarra na
cabeceira de minha cama. Eu acordo com sonoro despertador ao raiar do dia.
Trazem consigo alegria, e eu sou grata.
Ah! O que seria de mim sem os passarinhos?! Daqui,
de lá, sempre que fui, voltei, nas partidas e chegadas. O que seria de mim sem
suas asas e sem seus cantos, seus biquinhos lindos, os filhotes que me roubam
um tempinho para tocá-los perdidos pelos cantinhos de minhas moradas?
Sempre sempre desejei libertar todos os que vejo,
aves nobres ou desimportantes na hierarquia dos que nunca deveriam ter tido privado
o seu voar. Mas um dia ainda faço uma revolução, tendo amanhecido a manhã com todas
as portilholas escancaradas das gaiolas da vizinhança. Este será um grande dia!
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