Pina Bausch
Sempre se queixavam meus amores de minha densa tristeza. Dessa
tristeza de uma beleza contemplativa. Oposto de minha estridente e contagiante gargalhada,
que os atraiu e instigou-lhes a intentar domínio sobre mim.
Quiseram enveredar em meus
pensamentos. Perseguiram a rotina de minhas letras. Beberam na mesma taça em
que eu. Debalde...
A frequência de meus solilóquios
os inquietava. Perturbava todo o meu ritmo notívago. A serelepe capacidade de me
apoderar do dia como um presente todo meu. Abandonar a cama. Os lençóis quentes. E pisar o chão descalça... antes mesmo do sol raiar.
Os dedos sobram se contar os poucos
que me viram dançar. Assim como os que me ouviram cantar. Como não... ? Nenhum encontro aninhou-se e acompanhou a
minha dança, no ritmo de meu pulso interior. Perderam o meu melhor. Eu os
libertei de mim.
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