sexta-feira, julho 08, 2016

A BAILARINA

Pina Bausch




Sempre se queixavam meus amores de minha densa tristeza. Dessa tristeza de uma beleza contemplativa. Oposto de minha estridente e contagiante gargalhada, que os atraiu e instigou-lhes a intentar domínio sobre mim.

Quiseram enveredar em meus pensamentos. Perseguiram a rotina de minhas letras. Beberam na mesma taça em que eu. Debalde...

A frequência de meus solilóquios os inquietava. Perturbava todo o meu ritmo notívago. A serelepe capacidade de me apoderar do dia como um presente todo meu. Abandonar a cama. Os lençóis quentes. E pisar o chão descalça... antes mesmo do sol raiar.

Os dedos sobram se contar os poucos que me viram dançar. Assim como os que me ouviram cantar. Como não... ?   Nenhum encontro aninhou-se e acompanhou a minha dança, no ritmo de meu pulso interior. Perderam o meu melhor. Eu os libertei de mim. 


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