domingo, outubro 25, 2015

MULHER

EDWIGES DE SÁ PEREIRA*

 

De ser, não sei, na seriação dos seres,

Que mais preocupa e que se estuda tanto:

Alma, razão de agir, paixões, místeres,

A essência do seu riso e do seu pranto!

 

Magos, poetas, filósofos, no entanto,

Mergulhando-as na orgia dos prazeres

Ou elevando-as nas palmas como a um santo,

- Controversos que são quanto às mulheres!

 

Dessas vacilações, desses enganos

Surge o dogma, imutável, transcedente

Que ao homem sagra "senhor" entre os humanos...

 

E dono, e chefe, e rei - por que padeces,

Ó forte, ó sábio, e vives tão somente

Na razão desse mal que mal conheces?!


*Edwiges de Sá Pereira - Mulher Pernambucana (Barreiros,1884- Recife,1958). Educadora, professora, poeta, jornalista, precursora do feminismo em Pernambuco, ativista dos Direitos Humanos.  1ª mulher a ocupar cadeira na Academia Pernambucana de Letras. Fundadora da Federação Pernambucana pelo Progresso Feminino e uma das líderes da campanha pela conquista do voto feminino no Brasil. 


O poema acima teve publicação na obra póstuma  Horas Inúteis, publicado em 1960. Tive o prazer de declamá-lo em encontro com sua sobrinha-bisneta, Andrea Campos com a presença de Cida Pedrosa, Raimundo de Moraes, a professora Inara Gomes do depto de Letras da UFPE e equipe do SESC e público, na Barca dos Encantados, evento promovido pelo laboratório de autoria literária Ascenso Ferreira do SESC Santa Rita - Recife, que homenageia  postumamente escritores.
Edwiges foi a nossa encantada homenageada em 14 de outubro deste ano, no CEFCH - UFPE. Uma bela homenagem a quem sempre atuou na esfera da educação apontando caminhos e ensinando aos governantes do estado de Pernambuco a respeitar e cuidar da sociedade a partir de duas temáticas que para mim não dissocio e entendo como unas, a célula-máter, A MULHER e a EDUCAÇÃO.
 
 
 

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