Imagem capturada do Google
Houve um tempo em que tudo o que
eu queria era cuidar de um jardim, ter um pequeno pomar, ser mãe de minha filha
e criar um cachorro.
Também desejei mais filhos, meus,
adotivos... Sonhei com uma árvore em frente a minha casa para atrair passarinhos
e nos oferecer sombra e brisa durante o dia.
Nos meus planos não incluí um
amor, pois todos os meus amores me habitavam e eu preenchia-me de mim, de
músicas e de vontades que aos poucos fui conquistando.
Não necessariamente nessa ordem,
cuidei de um jardim, cultivei um pequeno pomar, do meu jeito atropelado e
atarefado sou mãe de Júlia e adotei um cachorro. Não tive mais filhos, mas exerço
minha maternidade com as coisas do mundo. E os pequenos arbustos diante das
tantas casas por onde passei serviram de morada para os seres alados que
musicaram minhas manhãs.
Tudo o que quis, de algum modo,
desse modo certeiro da vida, o universo me presenteou. Muitos próximos chamam de sorte. Outros de
felicidade. Destino. Bençãos. Eu não ousarei nomear, apenas curvo-me diante de
toda essa grandeza silenciosa e majestosa que se manifesta até nos pequenos
insetos e agradeço.
Houve um tempo em que tudo o que eu
quis foi ser simplesmente eu, pés no chão, mãos na terra, água refrescando-me
enquanto alimento as plantas e lavo as roupas. Um tempo em que títulos,
contracheque, bens, nada disso alteraria minha rotina sagrada de viver no mais
singelo ato de despertar para a vida e respirar todas as horas de cada momento
dessa existência.
Dessas vontades doces,
essenciais, resgatei-me de um outro tempo, de uma outra vida não minha, onde
estava alinhada numa produção em série. Conflituosa entre meu eu e o eu externo
de uma representação de mim, eu pairava numa órbita à espera de aterrissagem,
em tempo oportuno.
Agora, neste tempo meu, eu em
mim, feita de pequenas grandezas, apenas sinto, e aceitando minha sensibilidade
me liberto e celebro a manifestação vigorosa da vida.
***
( e como não poderia ser
diferente, enquanto escrevia este texto, uma esperança pousou na tela do
laptop... sinais de vida feérica).
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