quinta-feira, dezembro 11, 2014

MEU JARDIM SECRETO


 
Imagem capturada do Google
 
 
Houve um tempo em que tudo o que eu queria era cuidar de um jardim, ter um pequeno pomar, ser mãe de minha filha e criar um cachorro.
 
Também desejei mais filhos, meus, adotivos... Sonhei com uma árvore em frente a minha casa para atrair passarinhos e nos oferecer sombra e brisa durante o dia.
Nos meus planos não incluí um amor, pois todos os meus amores me habitavam e eu preenchia-me de mim, de músicas e de vontades que aos poucos fui conquistando.
Não necessariamente nessa ordem, cuidei de um jardim, cultivei um pequeno pomar, do meu jeito atropelado e atarefado sou mãe de Júlia e adotei um cachorro. Não tive mais filhos, mas exerço minha maternidade com as coisas do mundo. E os pequenos arbustos diante das tantas casas por onde passei serviram de morada para os seres alados que musicaram minhas manhãs.
Tudo o que quis, de algum modo, desse modo certeiro da vida, o universo me presenteou.  Muitos próximos chamam de sorte. Outros de felicidade. Destino. Bençãos. Eu não ousarei nomear, apenas curvo-me diante de toda essa grandeza silenciosa e majestosa que se manifesta até nos pequenos insetos e agradeço.
Houve um tempo em que tudo o que eu quis foi ser simplesmente eu, pés no chão, mãos na terra, água refrescando-me enquanto alimento as plantas e lavo as roupas. Um tempo em que títulos, contracheque, bens, nada disso alteraria minha rotina sagrada de viver no mais singelo ato de despertar para a vida e respirar todas as horas de cada momento dessa existência.
Dessas vontades doces, essenciais, resgatei-me de um outro tempo, de uma outra vida não minha, onde estava alinhada numa produção em série. Conflituosa entre meu eu e o eu externo de uma representação de mim, eu pairava numa órbita à espera de aterrissagem, em tempo oportuno.
Agora, neste tempo meu, eu em mim, feita de pequenas grandezas, apenas sinto, e aceitando minha sensibilidade me liberto e celebro a manifestação vigorosa da vida.
***
( e como não poderia ser diferente, enquanto escrevia este texto, uma esperança pousou na tela do laptop... sinais de vida feérica).


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