ABRIR MÃO de acertos, de
projetos, de coisas. Tenho convivido com essa prática nos últimos anos.
De ontem pra hoje, e da semana
passada pra cá, do mês que findou a este,
tantas escolhas fiz, ponderações, adiamentos (?), que estou ficando
craque nisso de abrir mão. Minha mão anda tão escancarada que dobrar os dedos
para o velho exercício da escrita ficou complicado, pois disso também abri mão.
Largo mão de tanto que no antes
eu julgava imprescindível, questão de primeira ordem e necessidade, que chego a
me pasmar comigo. “Sou eu mesma?” Este meu eu-agora se pergunta. Este meu eu-suspenso silencia. Eu dividida em
duas, três e em nenhuma versão exata de mim. Meus fragmentos não têm urgência
de se unificar. O que vejo no espelho não me incomoda. Há outras espécies de
inconvenientes que me desequilibram. De cada um deles - dos que posso - estou abrindo mão. Do que me
provoca dores, sobretudo. Igualmente deixo de agarrar a bola lançada de mãos
amigas. Desculpem-me por isso, mas
recuar faz parte do jogo. Este é um movimento estratégico de grande valor numa
competição onde só nós jogamos conosco, onde só nós sabemos exatamente onde o
lance foi certeiro ou equivocado.
ABRO MÃO, neste exato momento, do
momento, do tempo, do passo, e passo a bola, e passo a vez da fala. Passo
adiante os sonhos. Os projetos. As vontades. Toco e nem tô ligada de quem é a
vez.
Eu abro mão e pronto.
Sem pressa de voltar ao eu que já
nem sei se diz de mim.
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