sábado, novembro 08, 2014

SEM PRESSA DE VOLTAR

 


ABRIR MÃO de acertos, de projetos, de coisas. Tenho convivido com essa prática nos últimos anos.

De ontem pra hoje, e da semana passada pra cá, do mês que findou a este,  tantas escolhas fiz, ponderações, adiamentos (?), que estou ficando craque nisso de abrir mão. Minha mão anda tão escancarada que dobrar os dedos para o velho exercício da escrita ficou complicado, pois disso também abri mão.
Largo mão de tanto que no antes eu julgava imprescindível, questão de primeira ordem e necessidade, que chego a me pasmar comigo. “Sou eu mesma?” Este meu eu-agora se pergunta.  Este meu eu-suspenso silencia. Eu dividida em duas, três e em nenhuma versão exata de mim. Meus fragmentos não têm urgência de se unificar. O que vejo no espelho não me incomoda. Há outras espécies de inconvenientes que me desequilibram. De cada um deles -  dos que posso - estou abrindo mão. Do que me provoca dores, sobretudo. Igualmente deixo de agarrar a bola lançada de mãos amigas. Desculpem-me por isso,  mas recuar faz parte do jogo. Este é um movimento estratégico de grande valor numa competição onde só nós jogamos conosco, onde só nós sabemos exatamente onde o lance foi certeiro ou equivocado.

ABRO MÃO, neste exato momento, do momento, do tempo, do passo, e passo a bola, e passo a vez da fala. Passo adiante os sonhos. Os projetos. As vontades. Toco e nem tô ligada de quem é a vez. 

Eu abro mão e pronto.

Sem pressa de voltar ao eu que já nem sei se diz de mim.

 

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