segunda-feira, outubro 20, 2014

DA MORTE DE QUEM NÃO MORREU

 
imagem capturada do Google

 
E ele vem

com seus braços mortos

e divide sua fala

e se mostra em seu conforto

e se expande e expande e expande

e toma conta sendo ele

só ele ali diante

e minha escuta só para ele

a minha voz interna cala

e minha vez de um todo se esconde

e eu novamente me canso

e na exaustão e esvaziamento do que dizer

ele se vai e eu, desse modo, não-dele

olhando-me a não-eu de antes,

de fora, presente em mim agora,

dou o abraço possível, frio, distante

que os braços mortos dele não receberam

e sabida eu de minha energia não dissipada

fico aqui, na inteireza que me conduz a mim afora.

 

 Um dos mais lindos poemas que já teci. A circunstância e a pessoa que me inspirou a escrevê-lo me “rendeu” alguns outros lindos escritos.

Da substância que me deixa, sempre que me vem, extraio e registro o que na vida não podemos declarar...

 

Um comentário:

Contribuições