Quando eu
morrer
Nunca
saberão quem fui
Além do que
escrevi
E essas poucas
letras se apagarão
E
desaparecerão meus versos
E será
inútil deixar por escrito meus pedidos
De que não
autopsiem meu corpo
Mas queimem
essa carcaça até o pó
E
libertem-me entre os que amei
numa rajada
de vento à beira mar...
Enterrarão
minhas vontades
Toda a minha
dignidade
E serei, por
fim, o nada
Não estarei
aqui para agarrar-me nos verbos
Nem gritar
minhas sanidades
Não eu
Quem sabe
uma minúscula partícula de mim
Ainda fique
Eu-toda
Eu-frangalhos
Esta-eu-colagem-rejuntes
Não
Não me falem
que virei poeira cósmica
Nem me peçam
perdão
Reconhecendo
ausências
Indiferenças
Vaidades
Sacanagens
Nem orem nem
rezem nem chorem
Eu não vou
estar nem aí
Carreguem
seus pesos sozinhos
Como tenho
carregado o peso da vida até aqui
Quando eu
morrer
Assim como
morro agora
Poucos
saberão de fato quem fui eu para mim
- Talvez, de
uma parte, saberão
minha filha e
amigos-irmãos -
Quem fui eu
nessa porra de vida
Oscilante
Vazia
De gente que
eu quis ombro, mãos e ação perto de mim.
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