Quantas taças
dessa escarlate bebida
entorpecerão o alvoroçado
rebuliço em meu
peito?
De quantos dias
quantas horas
o meu relógio não badalará
para ti no condão desse sentimento
e sua voz não abalará minhas nervuras?
Precisarei de quantas noites
mal dormidas
comidas mal digeridas
de quantos nós na garganta
do grito que não dei, em vão?
De quantos silêncios
e contenções
e meditações
para transmutar em esquecimento
o que está em mim e não quer deixar de ser
cicatriz
nódoa
câncer
punhal que cravaste
e não cessa o sangue?
De quantas peles
quantas manhãs
quantas chuvas
quantos anoiteceres
quanto para não pertencer
a esse tempo já passado
que já não é mais
que me assombra
que me recorda
o que de mim te dei?
De quantos eus
me bastarei pra suplantar tudo isso?
Bela poesia, amiga Márcia. Tens muito talento. Um abraço, querida.
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