Ainda era noite, alta madrugada.
Acalentados recebemos a friagem no terraço. Perguntaste-me se choveu, respondi
que não, que choveria... e o jardim de minha casa foi todo fertilizado pelo
alimento vindo do céu.
Ali do portão deste-me um beijo
de despedida, esperastes que eu me recolhesse e partistes. A imagem que se
aproximou logo foi dissipada pelo seu perfume em minha pele, na casa, nos panos
de cama, de banho, na peça íntima.
Deixastes músicas ecoando em mim
e insone escrevi pensando em tudo o que nos dissemos. Versos me povoaram.
Procurei a música que entoastes em
nossa intimidade. Apenas a impressão de teu sentimento registrei. E as cenas. Eu
no teu colo. Eu no teu abraço. Eu envolvida em tuas palavras. Eu entregue
novamente, achando que solta estive.
A luz oblíqua do banheiro ainda refletia
as nuances de tua alma desnudada no corpo em pelo. Teu feminino tão equilibrado
com o meu. Te pedi um instante a mais para reter tuas nuances de frente, de banda, e sem pudor ristes,
cedendo aos caprichos.
O teu relógio não teve pressa
nessa noite. Os meus segredos foram confessados. Eu fui entregue a ti, por
completo, e tu me surpreendestes...
E quanto mais me libertas mais
estou atada...
( Do que só a Literatura é capaz de modificar quando a realidade não nos possibilita)
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