sexta-feira, dezembro 20, 2013

NUANCES DE NÓS DOIS



Ainda era noite, alta madrugada. Acalentados recebemos a friagem no terraço. Perguntaste-me se choveu, respondi que não, que choveria... e o jardim de minha casa foi todo fertilizado pelo alimento vindo do céu.

Ali do portão deste-me um beijo de despedida, esperastes que eu me recolhesse e partistes. A imagem que se aproximou logo foi dissipada pelo seu perfume em minha pele, na casa, nos panos de cama, de banho, na peça íntima.

Deixastes músicas ecoando em mim e insone escrevi pensando em tudo o que nos dissemos. Versos me povoaram.

Procurei a música que entoastes em nossa intimidade. Apenas a impressão de teu sentimento registrei. E as cenas. Eu no teu colo. Eu no teu abraço. Eu envolvida em tuas palavras. Eu entregue novamente, achando que solta estive.

A luz oblíqua do banheiro ainda refletia as nuances de tua alma desnudada no corpo em pelo. Teu feminino tão equilibrado com o meu. Te pedi um instante a mais para reter tuas nuances de frente, de banda, e sem pudor ristes, cedendo aos caprichos.

O teu relógio não teve pressa nessa noite. Os meus segredos foram confessados. Eu fui entregue a ti, por completo, e tu me surpreendestes...

E quanto mais me libertas mais estou atada...

 


( Do que só a Literatura é capaz de modificar quando a realidade não nos possibilita)


 

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