domingo, outubro 06, 2013

CÍCLICA



Contínua. Sempre em movimento corria. Ocupada, vivia seu tempo contra ele próprio. Realizava inúmeras atividades, todos os dias. E se preenchia de mais tarefas, trabalhos, o que lhe satisfazia.

O homem, de longe, a admirava. Amava-a acompanhando a sua dança, seus passos, suas realizações. Achava bonito uma mulher ser assim dinâmica. E a seguia, com olhos de pedinte, de cachorro magro, gato safado esperando o momento propício para esfregar-se em seus tornozelos.

Ela não o percebia. Ele, em espera, a reverenciava. Aproveitava a brecha no sorriso. O ombro descoberto. Numa noite fria, oportuna visita. Necessário descanso. Do trabalho. Das obrigações. Dos amigos. Da família. Uma noite seria suficiente. A mulher permite o calor. O homem se deleita. A madrugada estende-se. A música compõe o cenário. E a mulher entrega-se, despudoradamente.

Os movimentos, externos, voltam-se pra dentro. O homem torna-se íntimo, tão íntimo que a teme. A mulher, antes vento, voltando-se tão para dentro explode. E o caos se faz presente, e tudo recomeça. Renova-se.

A mulher. O movimento. O trabalho. As amizades. As crias...

O homem distancia-se.

Findo amor.    



Garanhuns, 25 de julho - 6 de outubro 2013.

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