segunda-feira, novembro 19, 2012

É AQUI E LÁ, TODOS NÓS POVO GUARANI KAIOWÁ


Enquanto trabalho e estou ligada à rede social, meus amigos postam a realidade do mundo lá fora, lá fora do meu espaço preservado, meu mundo de palavras e utopias, a educação de minha filha e a conclusão (ou início) de uma pesquisa voltada para a poesia, a poesia viva, movimentando-se. Uma poesia que aparentemente não tem valor e impacto algum na vida das pessoas, mas que tem força para quem é operário em construção da educação, de uma educação que no sistema de ensino público nos dá a liberdade de fazer a revolução.

Daniela Galdino compartilhando filme, ( veja aqui:    http://vimeo.com/32440717 )                   e Sulamita Estelian ( aqui: http://atalmineira.wordpress.com/2012/11/19/grilagem-reciclada-com-aval-da-in-justica/ )tratam de duas realidades, impactadas pelo mesmo problema, o horror capitalista que produz destruindo, e “educa” através da publicidade para o consumismo, formando uma sociedade alienada, doente, oprimida, violenta.

Assistindo ao curta À Sombra de um Delírio Verde, dirigido por An Baccaert, Cristiano Navarro, Nicola Um,  é humanamente impossível  para quem tem o mínimo de apuramento poético, não chorar ao ver os adolescentes Kaiowá  cantar o rap denunciando a sua triste realidade. Assim como é triste saber que muitos jovens do Pina, em Recife-PE, neste momento, estão sem teto para onde voltar depois da aula, vendo seus pais, avós e amigos sendo escorraçados da terra onde construíram sua história, agora sitiada para elevação de espigões de luxo, para o “embelezamento” e enriquecimento da “cidade”.

Realidades que se cruzam na mesma dor, a do abandono social, a da indiferença,  a do sufocamento com a avalanche de campanhas publicitárias pró-crescimento, desenvolvimento da cidade, do país. Quem está por trás de tudo isso, ironicamente,  (ou melhor, estrategicamente; melhor ainda, politicamente) investe em cultura, arte,na lei da compensação financia educação, mostra comprometimento com a nação, com a identidade do país, e no mais distante escombro de nosso olhar, está o lado humano, espiritual, alimentando o tão propalado progresso.

Façam a releitura agora. O filme Guerra dos Mundos, dirigido por Steven Spielberg, baseado na obra literária de H.G. Wells, o que tem a ver com tudo isso? O que há de semelhante entre as máquinas alienígenas e os monstros mecânicos comandados pelos homens que se alimentam da destruição humana, no sentido mais ordinário, especial e primário de humanidade?

O que nós, educadores, poetas, pessoas comuns, podemos fazer para conter esses monstros? Para silenciar essas máquinas e ouvir as folhagens das árvores, o canto dos pássaros, o sibilar do vento e as crianças brincando com os pés na terra?

Eu me refugiei. E daqui, de onde estou emano letras, um canto distante, uma voz inaudível para os que não têm “olhos para enxergar e ouvidos para ouvir”, mas no meu pequeno universo faço a minha parte, dissemino-me em vibração que ecoa em corpo e voz, e com poesia tenta dizer da realidade, com utopia, sim, pela justiça social, pela equidade que desejo ainda ver existir aqui e lá...

“Que a força da criação esteja comigo e me abençoe, que eu veja os filhos de meus filhos, que o infortúnio me seja breve e que me deixe cheia de bênçãos. Que eu e meu povo sobreviva às dores já impostas, e a terra ainda seja o chão dos bons” *

***

*Antiga benção Celta modificada por mim.

Vídeo: edição de Victor Martins;
Imagens extraídas do filme "À Sombra de um Delírio Verde" (
http://www.thedarksideofgreen-themovie.com/)
-Vídeo "Ñaderu Marangatu"
-CUFA- DOURADOS / MS
-Encontro da Diversidade Cultural
 


Baixar CD BRÔ MC’s:

http://search.4shared.com/postDownload/jNptzJ0Y/CUFA_Dourados_Apresenta_Br_MCs.html


 

 

2 comentários:

  1. Muito bom, Márcia!!!
    Emocionante... Real...
    Tem poesia no que escreve, mesmo que busque objetividade.

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  2. Excelente texto Márcia, também acredito numa poesia que possa ser panfletária, engajada como o "poema sujo". A cultura que decorre das relações capitalistas fomentam o ceticismo, no vazio existencial, a tolerância a tragédia do outro em prol do "desenvolvimento". Creio que a subjetividade cumpre um papel fundamental na história, e a poesia a cultura, a arte de uma forma geral são instrumentos de luta, de resistência simbólica e concreta ao esvaziamento do ser. Que possamos fomentar o novo olhar, um novo sentimento, uma nova forma de ser e estar no mundo no nosso micro-mundo e em todas as extensões possíveis, como esse post que acabei de ler. Acredito também, que devemos amplificar outras vozes, outras versões da vida cotidiana e da história, todos nós podemos contribuir com a mudança possível assim como você fez lindamente nesse texto e vem fazendo no seu blog. Parabéns...

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