Enquanto
trabalho e estou ligada à rede social, meus amigos postam a realidade do mundo
lá fora, lá fora do meu espaço preservado, meu mundo de palavras e utopias, a
educação de minha filha e a conclusão (ou início) de uma pesquisa voltada para
a poesia, a poesia viva, movimentando-se. Uma poesia que aparentemente não tem
valor e impacto algum na vida das pessoas, mas que tem força para quem é operário em construção da educação, de
uma educação que no sistema de ensino público nos dá a liberdade de fazer a
revolução.
Daniela
Galdino compartilhando filme, ( veja aqui: http://vimeo.com/32440717 ) e Sulamita Estelian ( aqui: http://atalmineira.wordpress.com/2012/11/19/grilagem-reciclada-com-aval-da-in-justica/ )tratam
de duas realidades, impactadas pelo mesmo problema, o horror capitalista que
produz destruindo, e “educa” através da publicidade para o consumismo, formando
uma sociedade alienada, doente, oprimida, violenta.
Assistindo
ao curta À Sombra de um Delírio Verde, dirigido por An Baccaert, Cristiano
Navarro, Nicola Um, é humanamente impossível para quem tem o mínimo de apuramento poético,
não chorar ao ver os adolescentes Kaiowá cantar o rap denunciando a sua
triste realidade. Assim como é triste saber que muitos jovens do Pina, em
Recife-PE, neste momento, estão sem teto para onde voltar depois da aula, vendo seus
pais, avós e amigos sendo escorraçados da terra onde construíram sua história,
agora sitiada para elevação de espigões de luxo, para o “embelezamento” e
enriquecimento da “cidade”.
Realidades
que se cruzam na mesma dor, a do abandono social, a da indiferença, a do sufocamento com a avalanche de campanhas
publicitárias pró-crescimento, desenvolvimento da cidade, do país. Quem está
por trás de tudo isso, ironicamente, (ou
melhor, estrategicamente; melhor ainda, politicamente) investe em cultura,
arte,na lei da compensação financia educação, mostra comprometimento com a
nação, com a identidade do país, e no mais distante escombro de nosso olhar,
está o lado humano, espiritual, alimentando o tão propalado progresso.
Façam
a releitura agora. O filme Guerra dos Mundos, dirigido por Steven
Spielberg, baseado na
obra literária de H.G. Wells, o que tem a ver com tudo isso? O que há de semelhante
entre as máquinas alienígenas e os monstros mecânicos comandados pelos homens
que se alimentam da destruição humana, no sentido mais ordinário, especial e primário
de humanidade?
O
que nós, educadores, poetas, pessoas comuns, podemos fazer para conter esses
monstros? Para silenciar essas máquinas e ouvir as folhagens das árvores, o
canto dos pássaros, o sibilar do vento e as crianças brincando com os pés na
terra?
Eu
me refugiei. E daqui, de onde estou emano letras, um canto distante, uma voz
inaudível para os que não têm “olhos para enxergar e ouvidos para ouvir”, mas
no meu pequeno universo faço a minha parte, dissemino-me em vibração que ecoa
em corpo e voz, e com poesia tenta dizer da realidade, com utopia, sim, pela
justiça social, pela equidade que desejo ainda ver existir aqui e lá...
“Que
a força da criação esteja comigo e me abençoe, que eu veja os filhos de meus
filhos, que o infortúnio me seja breve e que me deixe cheia de bênçãos. Que eu
e meu povo sobreviva às dores já impostas, e a terra ainda seja o chão dos bons” *
*Antiga
benção Celta modificada por mim.
Vídeo: edição de
Victor Martins;
Imagens extraídas do filme "À Sombra de um Delírio Verde" (http://www.thedarksideofgreen-themovie.com/)
-Vídeo "Ñaderu Marangatu"
-CUFA- DOURADOS / MS
-Encontro da Diversidade Cultural
Imagens extraídas do filme "À Sombra de um Delírio Verde" (http://www.thedarksideofgreen-themovie.com/)
-Vídeo "Ñaderu Marangatu"
-CUFA- DOURADOS / MS
-Encontro da Diversidade Cultural
Facebook Mc’s: https://www.facebook.com/pages/Br%C3%B4-Mcs/192321804181586
Baixar CD BRÔ
MC’s:
http://search.4shared.com/postDownload/jNptzJ0Y/CUFA_Dourados_Apresenta_Br_MCs.html
Muito bom, Márcia!!!
ResponderExcluirEmocionante... Real...
Tem poesia no que escreve, mesmo que busque objetividade.
Excelente texto Márcia, também acredito numa poesia que possa ser panfletária, engajada como o "poema sujo". A cultura que decorre das relações capitalistas fomentam o ceticismo, no vazio existencial, a tolerância a tragédia do outro em prol do "desenvolvimento". Creio que a subjetividade cumpre um papel fundamental na história, e a poesia a cultura, a arte de uma forma geral são instrumentos de luta, de resistência simbólica e concreta ao esvaziamento do ser. Que possamos fomentar o novo olhar, um novo sentimento, uma nova forma de ser e estar no mundo no nosso micro-mundo e em todas as extensões possíveis, como esse post que acabei de ler. Acredito também, que devemos amplificar outras vozes, outras versões da vida cotidiana e da história, todos nós podemos contribuir com a mudança possível assim como você fez lindamente nesse texto e vem fazendo no seu blog. Parabéns...
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