quarta-feira, setembro 19, 2012

VII KIPUPA MALUNGUINHO

 
Por que "A Jurema Merece Respeito"!
 
"O que significa Kipupa Malunguinho?"

Kipupa significa união, agregação de pessoas, associação de indivíduos em prol de algum objetivo. Este termo também dá nome a uma localidade no Parque Nacional De l'Upemba (reserva de floresta tropical), próxima a cidade de Bukama, na antiga província de Katanga ao sul da República Democrática do Congo, no centro-oeste da África, que se formou pela agregação de refugiados da guerra civil para formarem um gigante quilombo de esperança e reconstrução de sua liberdade e identidade.
Malunguinho, vem do vocábulo Malungo que significa camarada, amigo, companheiro de bordo e de lutas. Estas duas palavras são pertencentes ao tronco lingüístico Kimbundo, língua falada em Angola, país de que vieram estes negros guerreiros. Malunguinho é o título dado aos líderes quilombolas pernambucanos que no século XIX fizeram ferver o Estado, em especial em toda Mata Norte, na luta por liberdade, reforma agrária e seus direitos. Este nome também é dado à Divindade patrona do culto da Jurema Sagrada, o Rei Malunguinho, que é caboclo, mestre e trunqueiro (Exú de jurema), tendo função essencial nessa religião de matriz indígena, praticada em especial no nordeste do Brasil.

Kipupa Malunguinho, portanto, significa a agregação de pessoas em torno dessa divindade e personágem da história negra e indígena de Pernambuco. Uma reunião de pensamentos em prol do fortalecimento e reconhecimento para a memória de nossos ancestrais que lutaram por nossa liberdade e pela perpetuação das tradições religiosas que herdamos.


Essa festa nasceu em 2006 do anseio do Quilombo Cultural Malunguinho, e da idéia de Alexandre L'Omi L'Odò (Eu. E quem pesquisou, pensou e deu o nome) e João Monteiro, em "resgatar" e dar visibilidade a nossas lideranças históricas negras/indígenas negadas pela historiografia oficial, a exemplo do líder negro Malunguinho e tantos outros, destacando o papel de Pernambuco nas lutas e resistência negra no Brasil. Determinamos o mês de Setembro para realização anual do evento em homenagem ao último líder do Quilombo do Catucá, o João Batista que teve sua data de morte comprovada a partir de documentos existentes no Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano. Foi em 18 de setembro de 1835, oficialmente informada sua morte.
Também, graças as pesquisas do PhD. historiador Marcus J. M. de Carvalho, em especial ao seu importantíssimo livro e tese "Liberdade, rotinas e rupturas do escravismo - Recife, 1822-1850", publicado em 1998 pela Ed. Universitária da UFPE, que nos inspiramos para a escolha do local onde a festa deveria acontecer - nas matas do Engenho Pitanga II, atual Abreu e Lima, que no passado chamava-se Maricota em PE. Essa localidade foi um dos pontos mais importantes de resistência do Quilombo do Catucá, que se estendia por toda Mata Norte do Estado, chegando até a cidadezinha de Alhandra, hoje na Paraíba. Também, local do assassinato em emboscada cruel desse último líder quilombola. 

“Na mata tem um caboclo
Todo vestido de pena
Esse caboclo é Malunguinho
Ele é Rei lá da Jurema”.

(Toada do culto da Jurema Sagrada).

***
Tenho o maior respeito e admiração pelo povo juremeiro. Sabendo disso, o amigo Carlos Educardo enviou para mim e-mail divulgando este evento, que eu não poderia deixar de divulgar postando neste Blog, por todo respeito e crença nesta cultura que precisa ser apreciada e conhecida por quem ainda não se deu a chance de conhecer.
 
Textos retirados dos blogs:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contribuições