domingo, maio 06, 2012

FLOR DE MARACUJÁ

FAGUNDES VARELA


           

















Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do Sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá!


Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno
Nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá.


Pelas tranças da mãe-d'água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do maracujá.


Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá!


Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá!
Pelas florestas imensas
Que falam de Jeová!
Pela lança ensangüentado
Da flor do maracujá!


Por tudo que o céu revela!
Por tudo que a terra dá
Eu te juro que minh'alma
De tua alma escrava está!!..
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá!


Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em - a -
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!

***

O poema do escritor carioca Fagundes Varela (1841 - 1875), foi lido para mim pelo queridíssímo Felipe Espíndola, no Dia Mundial do Teatro comemorado este ano, durante nossas leituras performáticas no Centro Cultural Alfredo Leite Cavalcante, Garanhuns - PE.
Fiquei emocionada com a homenagem singela deste rapaz sensível que intuitivamente descobriu que o Maracujá é um fruto por mim muito apreciado pela sinestesia que me provoca: odor, paladar, efeito herbário. Amo torta de Maracujá, mousse, perfumes, e a flor, é uma beleza à parte.
Agradeço publicamente este presente que só hoje pude compartilhar com os meus amigos leitores, em tempo.

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