Márcia Maracajá: SEDE

Desejou matar a sede depois de passar o dia exercitando os neurônios na cama. Curtir intelectuais causava-lhe isso.

AUTO-DESCRIÇÃO, M.M.

gosto de ser só pra mim,
compromissos longos e marcados sem hora
gosto dos meus dias de sujeira, de chulé, de suvaqueira,
cabelo assanhado, pia suja

gosto de banho demorado
de não ter namorado
de namoricos escondidos
e paixões que me lambuzam

das que atropelam meus caminhos
e me provocam a madrugar
gosto de dormir a noite inteira
da cama quente
sandália rasteira
gosto de carinho pra variar

e há uma coisa que mais do que gosto
é de ter privacidade
e com minha liberdade
não precisar dar roteiro
pra onde vou, com quem estou o dia inteiro
de não prestar satisfação

porque ave-gato é bicho do mato incomodado
com quem quer fazer dele domesticado
gosto de seguir meu coração.

SENTIMENTO, M.M.

Se você me machucar, eu respondo com poesia
Se você me ignorar, eu respondo com poesia
Se você me prejudicar, eu respondo com poesia

Eu respondo com poesia também o seu amor
Respondo com poesia a sua mão estendida
Respondo com poesia o bom dia, o boa tarde e o boa noite
Respondo com poesia, a gentileza, o sorriso, a vida

A poesia é minha palavra
Tire-me o alimento, a água, a vestimenta, a casa
Ainda assim estará em mim a poesia

Poesia-sangue
Poesia que não estanca
Movimento
Transpiração

E ainda que eu desapareça
Ficará aqui a minha poesia.

sábado, janeiro 08, 2011

SEDE

Um comentário:

OLHARES PRA DENTRO