Mamãe costurava roupas
Eu palavras vivo a costurarUma embelezava a capa
Outra a alma
Distinção entre a linha não há
Somos poetas do fiar
***
Ela brinca
Eu trabalho
Ela fala
Eu traduzo
Ela age
Eu observo
E assim eu poetizo
Seu riso é elemento
Que disso tudo cataliso
***
Na sala, dúvidas insistentes
Tento explicar a poesia
Eu sorrio
Aponto o sol
A chuva fina
Agora eles entendem
E pedem
Repete tia!
Repete!
***
Não tome liberdade
Por intransigência
Para casamento
Há de se ter paciência
Às mulheres 'impuras'
Não lhes falta inteligência
***
Venha de onde vieres
O que de ti me encanta
É a palavra que proferes
Elucidas,espanta
Invade o sonho
E abranda a dor
Onde te inseres
***
Sai de mim substância
Que não sei nomear
Irradia à distância
Seu poder é singular
Há quem chame de amor
Há quem diga enfeitiçar
***
Digo a mente
Hora de descansar
Sou empurrada da cama
Vá trabalhar!
O escritor da vida
Não pode reclamar
Para ser lido
Precisa publicar
***
Crê ainda que o amo
E o amo,se quiseres
Basta quereres
E serás amado
Onde estiveres
Porém,saibas
Para amá-lo
Preciso antes que tu peças
***
Curioso é o traçado
Do que venho a escrever
Costuro e descosturo
Para versos tecer
E neles sempre te encontro
Onde venho a me perder
***
Faço pouco de meus versos
E menos da prosa
Nada existe de galhofa
Nisto que escrevo
É que com pouco vive o homem
E da poesia me alimento
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