sábado, agosto 28, 2010

O RECREIO

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Duas meninas franzinas. Apáticas. Alheias. Atentas ao toque da campanhia do recreio. A aula de artes não lhes seduzia. Os jogos matemáticos não tinham nenhuma razão. O Português não fazia nenhum sentido. A hora do intervalo era-lhes sagrada. Esperada. Jamais desperdiçada. 
A escola não possuía brinquedos. Nada de escorrego. De quadra. De balanço. De gangorra. Aliás, suas vidas é que não possuía equilíbrio algum. Certeza, só a do caminho percorrido. Andavam 4 quarteirões. Sob sol a pino. Todos os dias. Para chegar à escola. Ansiavam o recreio. Nem ônibus. Nem bicicleta. Nada de condução. Expresso canelinha. Andavam de sandálias. Confortáveis. Nenhum calo nos pés. Quem não as visse no recreio diria serem aplicadas. Esforçadas para o estudo. TODOS OS DIAS iam à escola.
Corriam ao som do drimmm para a fila do lanche. Tomavam o seu café reforçado da manhã às 10h. Repetiam. Guardavam metade na sacola plástica onde levavam o material escolar. E ao meio dia retornavam os 4 quarteirões com os chinelos confortáveis nos pés, sem calos, dedos de fora, ventilados, expresso canelinha, para alimentar os irmãos menores em casa.

Um comentário:

  1. Forte, duro, belo. Ando gostando da exploração da palavra corrida por aqui, até a próxima, querida.

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