LASCIVA
Conservou o desejo junto a álbuns de fotografias, seleta discografia, instrumentos musicais. Furtivamente mexia no baú. E lá se iam os dias...
A vida prosseguia, rotineira. Amores iam, vinham. O desejo guardado. Preservado. Represado. Regrava a cerveja. O cigarro. Aguava os temperos. Comedia os gestos. Continha a voz. Prendia os cabelos. E trazia consigo, no fundo da bolsa, uma maçã que sempre esquecia de comer.
Um dia, inexplicavelmente, cantarolou. Extasiante. Vestiu seu vestido mais leve. Perfumou-se da melhor fragrância. Soltou os cabelos. Sentou-se à mesa de um bar. Pediu uma cerveja suada. Apimentou os petiscos. Filou um cigarro do rapaz da mesa ao lado. Namorou o mar. E gerou frutos. Compulsivamente.
Brincava com o papel e a caneta. Pés descalços. Sol a queimar-lhe as costas, agora largas, medidas alteradas após gestação finda.
Se ria. Seios fartos e secos. Olhos brilhantes. Faminta vasculhou a bolsa, lambuzou a pimenta na maçã e sem modos devorou-a.
Texto bem palpável. Muito mais sólidos que abstratos... Interessante.
ResponderExcluirNa leitura do texto,vejo em cada linhas,palavras,um jogo do universo feminino em que a sensualidade,a meninice,o espírito de liberdade se fundem de forma harmoniosa.As idéias vão se destrichando no decorrer do enredo chegando uma bela conclusão:O bom de ser Mulher em todos os sentidos de "santa" a "diaba".Muito bom, gostei.
ResponderExcluirE gerou frutos. Compulsivamente.
ResponderExcluirAiii que delícia Márcia
E essa foto então.
Me sinto assim
as vezes
com o desejo de leveza
um vestido azul
um perfume que o vento aos poucos vai sovendo de minha pele
o refrescar cálido do sol acarinhando meu corpo.
e uma maça apimentada latejando no peito.
muito bom moça!!