terça-feira, março 02, 2010

O VISITANTE





















Na porta de casa
Prestes a entrar
Um visitante se aproximou
A testa a sangrar


Em confusão
Não dizia nada
Debatia-se no chão
Os olhos avermelhavam
Ai, meu Deus, que aflição!


Demonstrava temor
Convidei-o a ficar
Mediquei-o com amor
E a ele me dediquei a cuidar


Arrumei-lhe alimento
E acomodação
E a noite nos acalmou
Diante de sua exaustão


Pela manhã ouvi seus movimentos
Pensei: “vivo ele está”
E levantei-me da cama
Para logo trabalhar


Aparentando melhora
Acompanhei-o ao seu lar
E abri a caixa onde dormira
Para firme voo alçar


Curado de seu ferimento
Bateu asas o pardalzinho
E agradecido foi para a árvore
Recebido por outro passarinho.

***

Desde criança amei gratuitamente os passarinhos. Tinha a sensação de que me ouviam, e de que comigo se comunicavam pelo olhar. Nos fitávamos por longos minutos, e depois desse diálogo silencioso e sutil eles levantavam voo. Quis muito voar com eles... O vento às vezes me desperta esse desejo antigo.
Ver uma gaiola me deprime, e com passarinho dentro, me tortura. E felicito-me em zelar pela liberdade desses serezinhos. Já boicotei muita armadilha prestes a aprisionar Sabiás, Rouxinóis... Soltar passarinho então, nem se fala!
Vejo os pássaros como crianças, seres lépidos, lindos e puros. Talvez, por isso, eles se aproximem de mim, visitem-me na janela de meu quarto, passeiem pela minha casa, deem ois nas minhas salas de aula, me acompanhem no trajeto de casa ao trabalho e vice-versa.
A mesma sorte tenho ao ser alvejada por seus cocozinhos, em minhas caminhadas matinais. E riu-me disso.
Legal é ter passarinho assim, solto. Cuidemos desses bichinhos.

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