segunda-feira, dezembro 07, 2009

TOQUE SUTIL


Acabo de ler o livro A Cabana. Quebrando alguns preconceitos com relação aos Best-Sellers. Tentei me controlar, ler o livro depois, mas confesso, a repercussão dessa obra me tirou de casa numa dessas tardes escaldantes de Recife, e fui correndo à livraria mais próxima comprar o livro. Agarrei-me nele, mesmo acamada por uma crise de enxaqueca, e só desgrudei após ler a última página, onde encontra-se a descrição do Projeto Missy.


Novamente, numa convergência de acontecimentos, ‘algo’ me intuiu a ler essa narrativa que fala de dois sentimentos tão controversos: Maldade e Perdão aos que deliberadamente praticam o mal. Inevitavelmente esse assunto nos leva a questionar o poder da criação e da criatura diante o criador, e esbarramos numa tensa e burilante radiografia de nossa consciência com relação a nossa fé. Contraditório também, né? Falar de razão e de esperança, da crença no impalpável.

Sutilmente as pessoas, as lembranças, os conselhos, a sensação presente de amizade, de apoio, segurança, me vêm chegando. Uma mão toca meu ombro nas noites em que minha alma está leve, e correspondo em prece e abraço o presente que recebo. Sutilmente percebo o calor no invisível e dou espaço para o que já ocupa lugar no parapeito da janela que ventila meu lar.

Se antes eu sentia um vazio imenso, nas tardes, após as aulas, nos fins de dia, nos finais de semana e feriados, hoje tenho dentro de mim a certeza de que há tantas pessoas e lembranças que me preenchem, e uma força que veio para ficar, e sempre esteve me acompanhando durante a vida.

É sobre essa sutileza que A Cabana desenrola o novelo mais macio que possa tecer a história de alguém descrente numa força maior, capaz de estar em todos os lugares, presente em todas as pessoas, e de curar com amor os que se permitem serem cuidados.

Apesar de muitas vezes só nos apercebermos dessa Força após a dor, um grande sofrimento, uma perda, nunca é tarde o suficiente para cuidarmos do nosso jardim. E é o que tenho feito, todas as manhãs, todos os dias. Cuido das minhas plantas, regando, adubando, e minha flor sempre me sorri pelos carinhos que lhe doo sem expectativas de retribuição. E a minha vida tem sido veementemente colorida, perfumada, adornada por pessoas e sentimentos nobres, que me engrandecem e me ensinam a prosseguir gratamente.

Gostaria que este amor que me toma agora, esses dias, atingisse você, que me lê agora, e tocasse a sua alma, e pudesse, de algum modo, levá-lo(a) a repensar seu papel nessa enorme obra pincelada por Deus, pela Força da Criação. O quão somos responsáveis pelo outro, e o quanto temos sido amorosos com o Todo.

A Cabana pode ser considerada uma obra ficcional, mas nela encontramos verdades e esclarecimentos acerca do que muitas pessoas julgam pretensão diante dogmas que escravizam nossa capacidade de agir, sentir e responder ao que não vemos, mas que em algum momento soubemos existir.

Para os que têm preguiça de ler, sugiro que dediquem uma hora de seu dia para observar o trabalho de uma merendeira ao caprichar no lanche dos filhos que não são seus; na aula de um professor, que além de conteúdos dedica-se à evangelização de seus alunos; ao trabalho voluntário de pessoas que não recebem materialmente nada em troca pelo auxílio que prestam às instituições como creches, asilos, hospitais... e aí vocês, levados pela curiosidade de tentar entender do que o livro trata, perceberão que “ sem amor, nada seremos”, parafraseando 1 Coríntios CAP.13 .

Um abraço afetuoso a todos que têm sido frequentes leitores deste Blog.

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