quinta-feira, novembro 26, 2009

LIÇÕES DE VIDA
Quando jovens, bem jovens, adolescentes, nos julgamos donos do mundo, com toda nossa superioridade em hormônios à flor da pele e beleza.
Há muito tempo (tempo o bastante para eu esquecer que havia passado) eu tinha a força e a vontade, o ímpeto e a liberdade de fazer o que eu queria. Isso me tornava grande, a melhor, um tipo de Deus sem asas que sentia-se imortal naqueles instantes. Medo, cuidado, zelo, planejamento estudado, nada disso parecia-me necessário, pois eu tinha a certeza das coisas.

Felizmente o tempo nos tempera, e aprendemos algumas receitas para o nosso equilíbrio vivendo, experimentando, sofrendo, tropeçando, saltitando, nos ralando e dando nossa face para ser tocada e batida pelas pessoas em quem confiamos, seja pela ingenuidade, seja pela falta de cautela ou descaso com a nossa “intuição”.

Muita gente diz: “Ah! Se eu pudesse voltar atrás, faria tudo diferente!”, se maldiz, se queixa, chora as pitangas, se deprime, se droga... Porque as coisas não foram como queriam que tivesse sido que fossem, porque não casou com aquela ex-namorada, porque não fez aquele curso de graduação, porque não curtiu mais os avós quando vivos, porque porque porque, e finalmente porque não esteve atento aos sinais que a vida lhe dava, sutilmente.

Eu não voltaria atrás não. Perderia a experiência ganha, conquistada com lágrimas sinceras, com amor verdadeiro. Não teria tanto o que dizer às pessoas, e nem com que rir na minha solidão e na minha farra com os amigos. Eu não teria minha filha! Eu não teria a lembrança doce dos alunos que passaram pela minha sala de aula. Eu seria alguém pragmática, quase estática, mas eu teria sim, uma vida diferente, muito diferente da que hoje eu vivo com sabedoria.

Felicidade? Existe, está dentro da gente, no equilíbrio dos elementos que compõem o conjunto de coisas que nos dão prazer na vida sem nos agredir. E eu sou alguém feliz por entender isso.

Gostaria que os adolescentes, os enfermos de ordem depressiva, as pessoas ranzinzas, os mau-humorados, os pessimistas, pudessem reconhecer os pequenos deleites da vida, e aproveitar cada segundo como se fosse o último, com alegria, com entusiasmo, como aprendi com uma certa amiga professora-escritora, que já não está entre nós, mas que me ensinou a valorizar as belezas das pessoas e deste mundo.

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