sábado, outubro 24, 2009

Semana puxada. Além de mudar algumas atitudes, moradia, ando trocando de lugar algumas coisas da alma(se isso é possível).

Sempre que algo me incomodava na adolescência, lá ia eu, durante a madrugada, no silêncio rompido pelo piar da coruja que habitava as redondezas de minha casa, arrastar a cama com cheiro fresco de madeira, com toda sutileza, e acendia um incenso, passava uma lavanda no piso, acreditando que com aquela mudança eu também mudava a minha vida. E como mudava! O meu pensamento me projetava para as mudanças que vinham junto com a nova disposição do mobiliário.

Mas mudança exige Paciência. Disciplina. Intuição... Torno a usar minha intuição, e meus olhos ouvem mais. Meus Ouvidos enxergam mais. Meu tato cheira o aroma dos perfumes e as narinas tocam o que me é permitido. Eu abro a janela e o vento entra arrastando o que me pesa, e me limpa, e suaviza minha vida.

Ontem ganhei um livro de minha irmã, Myrna. Não vou citar o nome nem do autor nem do livro, por uma questão pessoal. Mas o presente fala de intuição, e fala da arte de escrever. A intenção de minha irmã ao me presentear foi singela, com uma obra de um autor tão renomado, mas na medida em que lia o livro percebia que o que ali trazia escrito eu já trazia registrado na alma. Saberes que a gente não sabe explicar suas origens. Heranças advindas de um tempo que ultrapassa a nossa sabedoria.

Voltar a sentir a vida sob nossas mãos, em nosso domínio, tendo propriedade do que fazemos e queremos é muito saboroso. Sinto-me resgatando tudo o que deixei pelo caminho, e que agora posso voltar e pegar sem receio, porque é meu, e o que é nosso ninguém nos tira.

Uma piscina azul me convida a mergulhar em minha adolescência novamente. Sinto-me tão jovem, as braçadas espaçadas e lentas perfuram a água massageando meu corpo, e os pulmões se restauram. Os medos esvaem-se nessa conquista. E o ponto de chegada é sempre perseguir o que falta, vivendo um-dia-de-cada-vez.

Tento controlar meus impulsos, a mania de limpeza, a janela do carro sempre fechada no trânsito e procuro ouvir a canção que toca no cd-player dando menos atenção aos automóveis que costuram o tráfego. Exercício diário. É uma luta pessoal. É uma conquista chegar ao fim do dia em paz.

Na volta pra casa uma boa conversa, mais umas respiradas, lembranças de infância... tantos sentimentos vindo à tona. Então, lembro-me das borboletas que andam cruzando minhas manhãs, ultimamente. Lindas! Belas! Festivas! E nesta minha sexta-feira noturna pouso em casa, nos braços da minha pequena borboletinha, que não teme o voo, e bate as asas ao encontro dessa tal liberdade, irmã gêmea da felicidade, que todos buscam encontrar.



Um comentário:

  1. marcinha, um presente singelo é muito bom ...
    um baú aberto é melhor ainda.
    abra seu baú...
    estarei olhando suas borboletas voarem.
    bj, te amo minha irmã,
    siga sua intuição.

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