domingo, outubro 18, 2009



Depois que começamos a escrever a doença da escrita vai tomando conta da gente. Primeiro você começa com uma frase, um pequeno rabisco no papel, de pão, no verso do extrato bancário, no envelope de uma fatura de uma magazine qualquer que você se cadastrou e já fez suas compras com faturas a serem pagas no ano que vem. Tudo é muito sutil, passa desapercebido, os papéis vão se infiltrando nos bolsos das bolsas, nas gavetas, nas caixas guarda-tudo, e vagarosamente você os descobre, como presentes. “Oi! Leia-me, sou o seu bilhete premiado do dia. Sua mais nova inspiração.”

Não demora muito para que você comece a anotar tudo em qualquer dinâmica do dia. Caminhando pela calçada, atravessando a rua, a vida, os entraves, e você continua na escrita, no registro da vida, com a respiração que acompanha o compasso dos batimentos cardíacos.
Escrever, sem esforço, sem demora, torna-se um vício, o ar que alimenta os pulmões, a água que nutre o corpo, o sol que energiza a vida, que nos dá brilho, BRILHO, eu não disse verniz. Um brilho que irradia de dentro, expande-se da alma.
É assim que ávida a vida do escritor torna-se, após ser acometido por tal doença, que contrariamente saúda o dia, abraça as noites, e nos endossa a existência.



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