domingo, setembro 20, 2009

LEGADO




















Ela me chamou a um lugar, parecia um prédio público, os frames me lampejam imagens cinzas, corredor deserto, comprido, cheio de portas – umas ao lado das outras, e numa destas portas ela enfiou a chave e abriu.
O lugar era pequeno, não cabia nada além de uma mesa e alguns arquivos. As paredes eram preenchidas por estantes, que diminuíam visivelmente aquele espaço, e ao entrar lá dentro e ver tantas gavetas abertas, papéis espalhados, livros, pastas, documentos empilhados, eu me perguntei, por que ela demorou tanto tempo para me participar aquilo.
“Por que só agora você me mostrou? Por que escondeu isso por tanto tempo?”
E sua resposta foi me entregar as chaves dali. “Agora é seu.”
Concomitantemente, eu sentia dúvidas e uma alegria indescritível em poder saber daquilo, ver, estar ali, algo tão rico para mim, que agora me era dado, mesmo que tardiamente. Toda a sabedoria de meu pai.
Depois que ela sumiu aprofundei-me no escritório e adentrei um jardim imenso, com uma rampa giratória em sentido vertical. Esperava que ele surgisse para que eu pudesse receber seu abraço.
Acordei com uma sensação boa, sob a leve impressão de ter chegado perto dele, em seu jardim de sabedoria...

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