Ultimamente,
avisada da iminência de sua chegada,
mastigando o pão, bebendo o café
caminho passo a passo
aguardando sua estada por esses ares
Mal quista, indesejada
carrega a chuva em dias sem cor
salga o sol
enche o ar de pó e odor
do cravo e do cal
Algumas vezes por ela tocada
sutilmente
sacudiu-me lampejo de vida não sei de onde
Começo a entender...
ela é ambígua assim
e encerra em si a transitória imagem
do que não podemos captar no olharLiberta em cárcere
aprisionada em imensidão
sorri da vaidade humana
da dor mundana
dos aisTodos um dia se vão...
***
Quando escrevi SOPRO era madruagada de quarta-feira, 29/07. Há dias eu vinha sentindo-me angustiada. Comentei com minhas amigas, Adriana e Odailta, dessa minha agonia persistente. Mas Adriana ultimamente andava me alegrando a vida demais. Bebia o sol e a chuva. Tudo era motivo para celebrar a vida. Eu furei um programa com as meninas para um trabalho, e, pouco depois de deitar, madrugada a dentro, recebo ligação de Odailta. "Márcia, Adriana está na UTI, muito mal...Vem pra cá." Levantei atordoada, não sabia como agir. Que medo de não ver mais a minha amiga. Voei para o hospital. Antes de ser despertada do cochilo tive um sopro de intuição. Pari esse texto...
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