quarta-feira, julho 29, 2009

 SOPRO
                                                                            
Ultimamente,
avisada da iminência de sua chegada,
mastigando o pão, bebendo o café
caminho passo a passo
aguardando sua estada por esses ares

Mal quista, indesejada
carrega a chuva em dias sem cor
salga o sol
enche o ar de pó e odor
do cravo e do cal

Algumas vezes por ela tocada
sutilmente
sacudiu-me lampejo de vida não sei de onde

Começo a entender...
ela é ambígua assim
e encerra em si a transitória imagem
do que não podemos captar no olhar


Liberta em cárcere
aprisionada em imensidão
sorri da vaidade humana
da dor mundana
dos ais


Todos um dia se vão...

Praticando... em 29/07/09 às 01:50
***
Quando escrevi SOPRO era madruagada de quarta-feira, 29/07. Há dias eu vinha sentindo-me angustiada. Comentei com minhas amigas, Adriana e Odailta, dessa minha agonia persistente. Mas Adriana ultimamente andava me alegrando a vida demais. Bebia o sol e a chuva. Tudo era motivo para celebrar a vida. Eu furei um programa com as meninas para um trabalho, e, pouco depois de deitar, madrugada a dentro, recebo ligação de Odailta. "Márcia, Adriana está na UTI, muito mal...Vem pra cá." Levantei atordoada, não sabia como agir. Que medo de não ver mais a minha amiga. Voei para o hospital. Antes de ser despertada do cochilo tive um sopro de intuição. Pari esse texto...

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